domingo, 11 de março de 2012

O coro

Numa das primeiras vezes que estive presente num coro de uma igreja, foi na Dinamarca.
Só muito raramente ou quase nunca, é que acredito em Deus, santos ou deuses. Mas como ás vezes sou  interesseira e cobarde, só acredito em Deus, santos e deuses, naqueles dias em que estou triste, que me sinto sozinha ou que tenho receio que algo de mau possa acontecer.
Ao meu redor, na igreja, a musica começa a tocar..e eu começo a me sentir inspirada...principalmente, quando a fusão do som do violino e da flauta transversal me ascende ao lugar dos céus. Ai encontro um lugar para poisar, algures, em cima de uma nuvem. Momentos depois, desço á terra, imaginando a mim própria, vestida de negro sentada no palco da igreja...soprando numa flauta transversal. O sonho acaba e volto á realidade. Olho a minha filha, juntamente com outras crianças, em cima, no balcão cantando no coro.... inspirando e expirando, sons agudos e sons graves. Mal a consigo ver, ainda é tão pequenina, que quem está em baixo e olha para cima, para o balcão. só conseguira ver-lhe a parte de cima da cabeça. e uma parte da franja. Enquanto canta, e para que eu a consiga ver e ela me possa olhar, eleva o corpo poisando todo o seu peso sob os bicos dos pés. Sei, que está contente que eu esteja ali,  que eu a olhe, e a escute cantar.
Levanto-me da cadeira, quero-a ver melhor....a meu lado, estão outros pais. As lágrimas teimam em cair. Falo comigo própria,  ralho para comigo. Disfarçadamente, para que ninguém se de conta. Não vais chorar aqui, no meio da igreja, pois não?.Pergunto-me, censurando-me. Abro exageradamente os olhos fixando o olhar,  sei que se baixar as palparas as lágrimas irão cair. Tudo correu bem, felizmente fui a tempo. passei por esta situação tantas vezes que já criei calo no assunto. foco o olhar novamente sob a minha filha, que do alto do balcão, teima em cruzar o seu olhar com o meu olhar, e que me diz sem palavras. Mãe obrigado por teres vindo, afinal estamos as duas tão sós como eu pensava,  todas as outras crianças trouxeram duas pessoas para as ver...também tu podias ter trazido um amigo!

Mulher Africana